sábado, 7 de fevereiro de 2015

Astrônomo do Vaticano: 'Não estamos atrás de alienígenas para evangelizá-los'

O primeiro registro sobre um observatório do Vaticano é de 1582
  • O primeiro registro sobre um observatório do Vaticano é de 1582
No topo de uma montanha no sudoeste dos Estados Unidos, no Observatório do Vaticano, padres católicos estudam planetas habitáveis - o que pode parecer estranho para muita gente, dado as grandes diferenças, algumas incompatíveis, entre ciência e religião.

Para os próprios padres, no entanto, a pesquisa no observatório representa uma forma de "se conectar com o criador".

"Não, nós não estamos fazendo nada estranho", disse à BBC o vice-diretor do observatório do Vaticano, padre Paul Gabor. "Nós estamos realmente fazendo ciência, não estamos atrás de alienígenas para evangelizá-los'".

Os dez astrofísicos empregados pela igreja dizem que estão tentando conquistar avanços sobre o conhecimento que temos atualmente sobre o universo.

"O Observatório do Vaticano é uma operação muito pequena por causa da maneira curiosa como recrutamos nossos funcionários. Em outras palavras, para trabalharmos aqui, precisamos ser padres", explicou o padre Gabor.

Cientistas, entretanto, dizem que há razões para não se confiar em pesquisas patrocinadas por religiões.

"Levando em consideração a natureza sobre o que é requisitado para trabalhar no Observatório do Vaticano, você não iria esperar que os melhores cientistas fossem querer fazer parte disso, porque os melhores cientistas, em geral, são ateus", disse o físico também ateu, Lawrence Krauss.

"Até pelo senso intelectual, claro que ciência e a doutrina das religiões mundiais são completamente incompatíveis. E isso tem sido assim por séculos e séculos."

Ciência e religião

Essa crítica, porém, é rechaçada pelos astrônomos do Vaticano. Para eles, especialmente na astrofísica, os limites entre ciência e religião não existem.

O Observatório do Vaticano foi transferido para Tucson, no Arizona, em 1981, quando a qualidade ruim do ar da Itália tornou impossível a continuidade das pesquisas por lá. Desde então, os trabalhos dos astrônomos católicos têm sido feitos da Universidade do Arizona.

"Acho que pessoas que são destinadas para as grandes questões sobre fé também estão destinadas à astronomia, porque nela você também faz grandes questionamentos", comentou Buell Jannuzi, chefe do observatório da Universidade do Arizona.

A primeira menção a um observatório do Vaticano de que se tem registro é de 1582, mas sua existência só foi confirmada oficialmente em 1891, pelo papa Leão 13.

À época, ele disse que seu objetivo era deixar claro que a Igreja Católica Romana "não se opunha à verdadeira e sólida ciência".

O padre jesuíta Paul Gabor acredita que, se há outros planetas habitáveis no universo, provavelmente deve haver vida neles. Ele diz também que consegue, cada vez mais, entender a grande conexão entre astrofísica e religião.

"Quem tenta entender isso consegue ver que o universo, de fato, quer ser compreendido."

Você sabia que a maior parte das células do seu corpo não é humana?

Tatiana Pronin, do UOL, em São Paulo,

Micróbios infestam nosso corpo: mas sem eles, ninguém é tão humano
Micróbios infestam nosso corpo: mas sem eles, ninguém é tão humano
É de deixar qualquer um espantado: 90% das células presentes no nosso corpo não são humanas. Em outras palavras, você é muito mais micróbios do que você mesmo. Esses "invasores", embora "invisíveis", são fundamentais para o nosso equilíbrio. Mas qualquer deslize nesse ecossistema pode causar doenças, muitas delas graves. Por isso, não se descuide: o perigo mora dentro de você e também fora, na superfície da sua pele.
Especialista no tema, o pesquisador Luis Caetano Antunes, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, da Fundação Oswaldo Cruz, explica que os seres humanos são colonizados por mais de 35 mil espécies diferentes de bactérias, segundo algumas estimativas. "Lembrando que esse número não leva em conta vírus, protozoários etc", esclarece.
Considerando apenas um indivíduo, a estimativa é de mais de mil espécies diferentes. "Já se você considerar cepas (que são indivíduos pertencentes à mesma espécie, mas com características peculiares), esse número sobe para mais de 7 mil", diz. Se você pudesse colocar todas elas numa balança, os ponteiros marcariam aproximadamente 1 kg, uma vez que as células das bactérias são bem menores que as humanas.
Essa microbiota (flora e fauna microscópica de uma região) é formada assim que chegamos ao mundo. Antunes afirma, inclusive, que bebês nascidos por parto normal têm micróbios diferentes daqueles que nascem por cesariana, pois o contato com o canal vaginal da mãe funciona como um "primeiro banho" de micro-organismos.

Intestino é albergue

Apesar de se estabilizar depois que a pessoa completa 1 ano de idade, a população de micro-organismos está sempre em evolução, graças ao contato com o ambiente externo. Assim, a variedade e a quantidade são maiores em locais mais expostos, como boca, pele, olhos, estômago, intestino, tratos respiratórios, genitais e urinários.
A parte do nosso corpo mais colonizada é de longe o intestino, com 70% do total de bactérias, segundo o pesquisador. "Um dos motivos é que o intestino possui uma quantidade grande de nutrientes para as bactérias. Além disso, ainda existem secreções, células humanas mortas etc", diz Luis Caetano Antunes.
O especialista também chama atenção para o tamanho desse órgão, que é cheio de vilosidades (dobras, basicamente). "O intestino humano, quando esticado, tem área equivalente a uma quadra de tênis, ou cerca de 200 metros quadrados", informa.
Médicos, cientistas e nutricionistas têm alertado para a importância da microbiota intestinal. Não é à toa que produtos com lactobacilos se tornaram mais comuns nas prateleiras dos supermercados.
Antunes descreve três funções principais desse exército de micróbios. A primeira é a nutrição: "Os micro-organismos intestinais auxiliam na degradação de nutrientes que o ser humano, sozinho, não conseguiria degradar", diz. Além disso, eles produzem substâncias, como vitaminas, que nós não produzimos, e afetam as células para que elas consigam extrair mais energia da dieta.
A segunda é treinar o sistema imunológico, fazendo-o identificar o que representa ou não uma ameaça ao nosso organismo. "Um exemplo dessa função vem da observação de que hoje em dia as taxas de doenças relacionadas ao sistema imune (doenças alérgicas, principalmente) está muito mais alta, e isso tem sido associado ao uso indiscriminado de antibióticos, aumento no número de partos por cesariana e excesso de limpeza", comenta o pesquisador.
A terceira (e não menos importante) missão da microbiota é nos defender contra agentes nocivos. "Sem as bactérias naturais do nosso corpo ficamos muito mais vulneráveis aos ataques de bactérias perigosas", garante Luis Caetano Antunes, lembrando que há uma série de infecções que são mais comuns em pessoas com histórico de uso recente de antibióticos. "Eles matam as bactérias inofensivas, abrindo espaço para que outras bactérias invadam o nosso organismo e causem doenças."

Boca cheia

Um dos primeiros cientistas a observar a existência de comunidades de bactérias em nosso corpo foi o holandês Antonie van Leeuwenhoek, que no século 17 analisou um raspado da superfície de seus dentes e descobriu um grande número de seres vivos minúsculos.
Uma organização também holandesa, chamada TNO, divulgou recentemente, após um estudo, que nossa boca abriga cerca de 700 variedades diferentes de bactérias. Os pesquisadores descobriram que um único beijo de língua é capaz de transferir 80 milhões de bactérias de uma boca para outra. Os dados foram publicados na revista Microbine.
Algumas pessoas podem ficar enojadas, mas a verdade é que beijar pode ser uma maneira de fortalecer o sistema imunológico, tomando por base a lógica descrita pelo pesquisador da Fiocruz.

Pele que habito

Se os micróbios do intestino representam um exército estratégico dentro do corpo, os que habitam nossa pele são a linha de frente. "É a armadura que nos protege contra agentes externos", considera o médico Jayme de Oliveira Filho, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Assim como na selva a falta de leões pode levar ao excesso de zebras, qualquer desequilíbrio na microbiota da pele pode levar a problemas variados. A integridade pode ser afetada por banhos longos e quentes, e até pelo uso excessivo de álcool em gel e sabonetes antibacterianos. "Se você usa um produto que promete matar 99% das bactérias, ainda sobrarão muitas, mas você pode matar aquelas que são úteis à pele", diz o médico.
Tomar muito sol sem filtro também é uma forma de agredir a cútis. É por isso que muita gente tem crises de herpes labial, doença provocada por vírus, depois que volta da praia. Ou adquire manchas nos braços e nas costas (pitiríase versicolor), provocadas por um tipo de fungo. O médico avisa que algumas famílias são mais predispostas a certos tipos de micro-organismos. Se a integridade da pele é afetada, você pode desenvolver um problema que nunca havia aparecido antes. E, acredite, pode até pegar gripe com mais facilidade.
 

domingo, 24 de agosto de 2014

Quem te ensinou a contar?

 
A pergunta “Quem inventou essa coisa de Matemática?” é constantemente proferida em situações em que o conteúdo não foi bem compreendido, ou a nota da prova não foi tão alta quanto se esperava, e em várias outras situações de frustração com a disciplina Matemática.
Saiba que o famoso filósofo Platão tem uma teoria que afirma que a Matemática não é criada, e sim, descoberta, isto é, ela já existe, em algum “mundo perfeito das ideias”: os seres humanos apenas descobrem, aos poucos, algumas dessas maravilhas adormecidas.
De qualquer forma, um culpado bastante pré-histórico dos conteúdos que você tem que aprender hoje na escola é o homem primitivo, que insistiu em associar cada um de seus carneiros a uma pedrinha; é claro que essa é apenas uma suposição sobre como surgiu o conceito de número e os primeiros processos de contagem.
Essa relação direta entre cada elemento de dois conjuntos distintos, pedras e carneiros, no caso, é chamada de biunívoca e foi o primeiro método de contagem de que se tem notícia. Eram usados pedras, pedaços de madeira, nós em uma corda, ranhuras no barro etc. Acredita-se até que esses registros de quantidades tenham sido a primeira forma de escrita realizada pelo homem.
Egípcio: Exemplo de Sistema de numeração por agrupamento simples
Porém, foi preciso representar quantidades maiores e realizar contagens mais extensas, e, para isso, o processo de contar precisou ser sistematizado. Essa sistematização ocorreu com a criação de grupos básicos convenientes; por exemplo, uma mão seria um grupo de 5 e seria representada por um dedo dobrado. Hoje, chamamos esses métodos de agrupamentos de sistemas de numeração.
Os primeiros sistemas de numeração foram chamados de sistemas de agrupamento simples, pois se escolhia certo número b (que é chamado de base do sistema) e atribuíam-se nomes aos números 1, 2, 3,...,b e os sucessores de b eram combinações dos nomes já escolhidos. Para conhecer o valor escrito, era necessário somar os valores de cada símbolo representado. No quadro ao lado, temos o sistema de numeração egípcio, de base 10, que é um exemplo desse tipo de sistema.
Japonês-chinês: Exemplo de sistema de numeração por agrupamento multiplicativo
Os povos da Antiguidade criaram diversos sistemas; alguns valores usados recorrentemente como base foram o 5, por causa dos dedos da mão, o 12, pela quantidade de divisores e pela quantidade, aproximada, de ciclos da lua durante o ano, o 20, usado pelos maias e o 60 dos babilônios. Algumas influências desses sistemas e desses povos podem, ainda, ser percebidas atualmente, como os meses do ano e a forma de medir tempo e ângulos.
Outros tipos de sistemas mais elaborados surgiram, como o sistema de agrupamento multiplicativo; é o caso do sistema chinês-japonês, em que uma base b é escolhida e os nomes e símbolos para os valores 1,2,3,...,(b-1) e também para o conjunto b, b2, b3,... . A composição de um valor era feita com um símbolo de cada conjunto multiplicativamente, de forma a indicar a quantidade de números da ordem superior que seriam necessárias. Além desses, existem registros de sistemas de numeração cifrados, em que muitos símbolos devem ser decorados; um exemplo é o sistema de numeração grego, datado de 450 a.C..
A evolução desses sistemas não foi linear; prova disso é que o sistema que usamos atualmente, o decimal, é chamado de sistema de numeração posicional, cujas principais características já haviam sido empregadas pelos babilônios entre 3000 e 2000 a.C.. Nesse sistema, a posição do símbolo no número determina a multiplicação por algum múltiplo da base de referência, como acontece no nosso sistema decimal:
Em 347, o 4 significa 40=4×10;
Em 4098, o 4 significa 4.000=4×1.000.
O sistema de numeração decimal (base 10), ou indo-arábico, que usamos atualmente, está tão fortemente estabelecido, que dificilmente pensamos em suas características, em suas facilidades ou, até mesmo, em suas limitações. Para formar um sistema de numeração, é preciso um conjunto de símbolos, chamados de algarismos, e um conjunto de regras que determinam como esses símbolos devem ser manipulados. A função básica de um sistema de numeração é a contagem. Por isso, podemos imaginar que um sistema, para ser consistente, deve ter as seguintes características:
1 – Ter uma regra para o sucessor;
2 – Ter uma relação biunívoca com o conjunto dos números naturais;
3 – A representação de cada quantidade deve ser única.
Gregos: Exemplo de sistema de numeração por agrupamento multiplicativo
Que tal criar seu próprio sistema de numeração? Invente símbolos e as regras de agrupamento e veja se ele obedece aos três pontos citados anteriormente. Verifique, também, se ele facilita a realização das operações aritméticas básicas, como adição, subtração e multiplicação.

domingo, 3 de agosto de 2014

Estados Unidos planejam cortar emissões de carbono das termelétricas

Governo dos Estados Unidos deve, em breve, dar detalhes desse plano de corte de emissões de gases, que será uma importante ação na tentativa de reduzir o aquecimento global
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Termelétrica em Minnesota, USA
Os Estados Unidos produzem mais gases de efeito estufa do que qualquer outro país no mundo, além da China. O plano para controlar a emissão de gases a partir da queima de óleo e carvão é a medida mais ambiciosa proposta pelo presidente Barack Obama em seus esforços para lidar com as mudanças climáticas.
 Os detalhes desse plano serão divulgados pela Environment Protection Agency. No plano, os estados do país serão livres para decidir como atingir os objetivos de redução de emissão de carbono, seja fechando termelétricas e mudando para fontes de energias mais limpas, seja criando esquemas de limitação e troca de metas com outras empresas.
Alguns meios de comunicação do país estão relatando que, até o ano de 2030, o governo estadunidense espera uma redução de 30% nas emissões de dióxido de carbono. Entretanto, os grupos de empresários e os republicanos (o partido oposto ao governo atual) discordam ferozmente das novas regulamentações e afirmam que estão mais propícios a aumentar os preços da eletricidade. Mas, para o presidente Obama, essa medida é importante para seu legado ambiental com o objetivo de mostrar liderança na luta pelo controle das mudanças climáticas.

Aplicação da teoria de jogos para modelar células cancerígenas

ImagemA teoria de jogos estuda modelos matemáticos para a tomada de decisão
Com o modelo, pesquisadores podem estudar o comportamento metabólico das células tumorais e a interação entre elas
Teoria de jogos é o nome dado ao estudo de modelos matemáticos associados com a tomada de decisão. Pesquisadores do Centro de Pesquisas Médicas John Hopkins pretendem fazer uso desses modelos para modelar o comportamento de células tumorais
Para entender como a teoria de jogos funciona, considere o seguinte exemplo, chamado de “dilema do prisioneiro”. Dois ladrões são presos pela polícia e, a cada um deles, é dada a chance de confessar o crime. Se nenhum dos dois confessar, os dois serão soltos. Se apenas um deles confessar, aquele que confessou testemunhará contra o outro e, como recompensa, não cumprirá pena. Se os dois confessarem, ambos cumprem pena, mas o tempo de prisão é menor. Nessa situação, o que você faria? Confessaria?
ImagemO comportamento de células cancerígenas pode ser modelado usando ferramentas da teoria de jogos
Esse é um exemplo em que a teoria de jogos pode ser usada para prever a decisão de cada ladrão. A mesma teoria pode ser usada para prever o comportamento de células tumorais.
 As células tumorais estão em constante interação umas com as outras. Geralmente, essas células cooperam entre si de modo a fazer com que o tumor prospere e cresça. Mas essa parceria está constantemente mudando à medida que as células tumorais sofrem mutação.
ImagemModelo baseado na teoria de jogos pode identificar melhor momento para intervenção médica no tumor
Os pesquisadores de John Hopkins estudaram o comportamento metabólico e a interação entre células tumorais que se encontram em um ambiente rico ou pobre em oxigênio. De acordo com a disponibilidade de oxigênio, as células optam por usar estratégias metabólicas distintas. Além disso, as células podem optar entre cooperar umas com as outras ou entrar em competição. Os pesquisadores usaram a teoria de jogos para modelar esse comportamento.
Os cientistas verificaram que, para certas taxas de crescimento do tumor, ocorre uma mudança brusca na estratégia metabólica usada pela maioria das células. Acredita-se que, nesse período de mudança de estratégia, os tumores encontram-se mais vulneráveis. Dessa forma, o momento de transição para um dado tumor pode ser bom para realizar uma intervenção médica.

O trabalho completo encontra-se na edição de junho de 2014 da revista Interface Focus.

Conheça a matemática recreativa e o paradoxo da área perdida

ImagemMuitos problemas matemáticos são estudados apenas porque são divertidos
Jogos e charadas deixam o ensino da disciplina mais interessante e atrativo
Quando estamos com uma pilha de lição de casa de matemática para fazer, ou quando aquele assunto novo tratado pelo seu professor parece impossível de entender, podemos nos esquecer de algo muito importante: como a matemática pode ser divertida. E ela pode, sim, ser fonte de diversão. 
Há todo um ramo da matemática voltado para problemas divertidos. Ele é chamado de matemática recreativa, que frequentemente envolve jogos e charadas. Muitos desses problemas têm alguma aplicação mais séria para outros ramos da matemática. Outros são apenas divertidos.
ImagemUm triângulo composto por seis partes
 Vamos conhecer um exemplo de uma charada da matemática recreativa? Ela é chamada de “paradoxo da área perdida”. Observe a imagem ao lado. Temos dois triângulos pequenos, dois triângulos maiores e duas figuras amarelas. Essas figuras se combinam para formar um triângulo grande de base 10 e altura 12.
ImagemRearranjando os componentes do triângulo, fica um espaço em branco no centro
 Imagine que rearranjemos a imagem de modo que os triângulos verdes fiquem em cima, como na imagem ao lado. Note que aconteceu algo muito estranho. Agora há dois quadradinhos no centro que estão em branco. Mas o triângulo resultante também tem base 10 e altura 12. Como isso é possível? De onde veio essa área extra?

Tente encontrar a solução antes de ler o próximo parágrafo.

A resposta é que, na verdade, o triângulo grande formado pelas seis partes não é um triângulo. Os triângulos verde e azul não têm hipotenusas com a mesma inclinação, eles não são triângulos equivalentes. O azul tem base 2 e altura 5, enquanto o verde tem base 3 e altura 7. As medidas dos lados desses triângulos não são proporcionais. Sendo assim, a linha que segue a hipotenusa do triângulo azul e a do verde não é uma linha reta. A consequência é que a área envolvida por essa linha na situação em que o azul está embaixo e o verde em cima é diferente da obtida com o azul em cima e o verde embaixo. A diferença de inclinação é pequena o suficiente para passar despercebida ao olharmos os objetos, mas é grande o suficiente para originar quadrados não preenchidos quando mudamos a configuração dos pedaços envolvidos.
 Gostou? Há muitos outros problemas como esse que são tratados pela matemática recreativa. Pesquise sobre o assunto, pois há muita coisa interessante sendo trabalhada nessa área. O Journal of Recreational Mathematics apresenta novos desenvolvimentos matemáticos nesse tipo de problema. É uma leitura recomendada.

sábado, 19 de julho de 2014

É possível criar um “drogômetro”?


Aparelho pode ajudar a verificar se substâncias encontradas em cenas de crimes são ou não ilícitas

Há muito tempo já existe o bafômetro. Esse aparelho portátil, por meio de reações químicas, fornece informações sobre a ingestão ou não de bebidas alcoólicas. Ele é usado principalmente por policiais, já que dirigir alcoolizado é um crime. Mas e se alguém ingeriu alguma droga ilícita? É possível que o policial afirme com certeza que essa pessoa não poderia estar dirigindo? É complicado, já que até o momento não existem aparelhos como o bafômetro que detectam se alguém está drogado.
ImagemPela aparência, não dá para saber que substância é essa
Porém, um grupo coordenado por Marcelo Firmino de Oliveira, do Departamento de Química da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP de Ribeirão Preto, resolveu criar um aparelho que poderá auxiliar os policiais e os peritos na identificação de drogas de abuso. Por enquanto, ainda não foi desenvolvido um método para verificar se a pessoa usou ou não a droga, portanto não é ainda um “drogômetro”, mas é um aparelho que poderá verificar se substâncias encontradas em cenas de crimes são ou não ilícitas.
Esse aparelho ajudará, assim, a identificar drogas como cocaína, maconha, LSD e ecstasy. Para os peritos, é difícil confirmar se uma substância é ou não uma droga, já que a cocaína, por exemplo, é um sólido branco muito parecido com amido de milho ou farinha, enquanto o ecstasy é vendido na forma de comprimidos que podem ser disfarçados, podendo ser confundidos, por exemplo, com medicamentos.
ImagemMarcelo Firmino coordenou a pesquisa
Tal aparelho funciona com eletrodos quimicamente modificados. Assim, quando em contato com a droga, há uma reação eletroquímica que mostra se a substância é ou não a droga. Até o momento, os testes são feitos com reagentes colorimétricos. Por meio de uma reação química, cuja evidência é a mudança de cor, o perito sabe se a substância é ou não uma droga. Porém, a reação química não é tão específica, pois o perito pode encontrar uma substância que parece ser cocaína, que é ilícita, quando na verdade é a lidocaína ou a procaína, que são substâncias lícitas, usadas como analgésicos.
Outros aparelhos já bem conhecidos e usados pelos cientistas, como o cromatógrafo a gás, também podem ser usados com muita especificidade. Mas esses aparelhos são caros, pesados, grandes e não podem ser levados para a cena do crime. Assim, a amostra deve ser levada para um laboratório.
ImagemAparelho inventado por Marcelo
O aparelho inventado por Marcelo é mais específico que o método colorimétrico e mais portátil que o cromatógrafo a gás. Além de verificar se é ou não uma substância ilícita, ainda mostra a quantidade de substância que está presente na amostra. Esse valor é determinado por meio da corrente elétrica que é gerada na reação eletroquímica. Sabendo o teor da droga na amostra, os policiais podem saber de onde ela veio e, assim, podem ir atrás do traficante.
Tomara que a pesquisa avance e que, em breve, seja possível saber por um aparelho semelhante ao bafômetro se uma pessoa ingeriu ou não determinada droga, sem ser preciso fazer um exame toxicológico de sangue. Só a existência desse “drogômetro” já poderia diminuir a ingestão de drogas de abuso por motoristas, que ficariam preocupados com altas multas, prisões e outras sanções legais.
Publicada em: 14/07/2014