sábado, 19 de julho de 2014

É possível criar um “drogômetro”?


Aparelho pode ajudar a verificar se substâncias encontradas em cenas de crimes são ou não ilícitas

Há muito tempo já existe o bafômetro. Esse aparelho portátil, por meio de reações químicas, fornece informações sobre a ingestão ou não de bebidas alcoólicas. Ele é usado principalmente por policiais, já que dirigir alcoolizado é um crime. Mas e se alguém ingeriu alguma droga ilícita? É possível que o policial afirme com certeza que essa pessoa não poderia estar dirigindo? É complicado, já que até o momento não existem aparelhos como o bafômetro que detectam se alguém está drogado.
ImagemPela aparência, não dá para saber que substância é essa
Porém, um grupo coordenado por Marcelo Firmino de Oliveira, do Departamento de Química da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP de Ribeirão Preto, resolveu criar um aparelho que poderá auxiliar os policiais e os peritos na identificação de drogas de abuso. Por enquanto, ainda não foi desenvolvido um método para verificar se a pessoa usou ou não a droga, portanto não é ainda um “drogômetro”, mas é um aparelho que poderá verificar se substâncias encontradas em cenas de crimes são ou não ilícitas.
Esse aparelho ajudará, assim, a identificar drogas como cocaína, maconha, LSD e ecstasy. Para os peritos, é difícil confirmar se uma substância é ou não uma droga, já que a cocaína, por exemplo, é um sólido branco muito parecido com amido de milho ou farinha, enquanto o ecstasy é vendido na forma de comprimidos que podem ser disfarçados, podendo ser confundidos, por exemplo, com medicamentos.
ImagemMarcelo Firmino coordenou a pesquisa
Tal aparelho funciona com eletrodos quimicamente modificados. Assim, quando em contato com a droga, há uma reação eletroquímica que mostra se a substância é ou não a droga. Até o momento, os testes são feitos com reagentes colorimétricos. Por meio de uma reação química, cuja evidência é a mudança de cor, o perito sabe se a substância é ou não uma droga. Porém, a reação química não é tão específica, pois o perito pode encontrar uma substância que parece ser cocaína, que é ilícita, quando na verdade é a lidocaína ou a procaína, que são substâncias lícitas, usadas como analgésicos.
Outros aparelhos já bem conhecidos e usados pelos cientistas, como o cromatógrafo a gás, também podem ser usados com muita especificidade. Mas esses aparelhos são caros, pesados, grandes e não podem ser levados para a cena do crime. Assim, a amostra deve ser levada para um laboratório.
ImagemAparelho inventado por Marcelo
O aparelho inventado por Marcelo é mais específico que o método colorimétrico e mais portátil que o cromatógrafo a gás. Além de verificar se é ou não uma substância ilícita, ainda mostra a quantidade de substância que está presente na amostra. Esse valor é determinado por meio da corrente elétrica que é gerada na reação eletroquímica. Sabendo o teor da droga na amostra, os policiais podem saber de onde ela veio e, assim, podem ir atrás do traficante.
Tomara que a pesquisa avance e que, em breve, seja possível saber por um aparelho semelhante ao bafômetro se uma pessoa ingeriu ou não determinada droga, sem ser preciso fazer um exame toxicológico de sangue. Só a existência desse “drogômetro” já poderia diminuir a ingestão de drogas de abuso por motoristas, que ficariam preocupados com altas multas, prisões e outras sanções legais.
Publicada em: 14/07/2014

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