Nos dias de hoje, os desdobramentos das ciências se fazem presentes em praticamente todas as esferas da vida humana. É difícil identificar ao menos uma atividade ou área de nossas vidas que, ao longo dos tempos, tenha permanecido totalmente intocada pelas transformações impulsionadas pelas investigações científicas. A alimentação, o transporte, o entretenimento e a reprodução, por exemplo, são apenas algumas das muitas áreas que, de uma forma ou de outra, se fizeram transformar radicalmente pelas ciências. No mundo agrícola, pesquisas têm descoberto espécies mais resistentes a pragas e a condições climáticas adversas. Os veículos vêm se beneficiando cada vez mais da melhoria dos combustíveis e de evoluções aerodinâmicas expressivas. Nos lares, a Internet e os video games revolucionaram a maneira como as pessoas se divertem. Técnicas de fertilização in vitro permitem a casais outrora inférteis conceberem seus próprios filhos. E, uma vez que o óvulo fertilizado fora do corpo humano é implantado no útero materno, seu desenvolvimento pode ser acompanhado por meio de exames de imagem sofisticados desde os primeiros meses de gestação. Atualmente, portanto, a ciência parece ter se tornado onipresente, dando seguimento a uma relação que começou a se intensificar no século XIX.
Nesse século, a ciência dava origem a invenções que impulsionavam uma série de transformações na sociedade. Em 1804, por exemplo, Richard Trevithick inventou a locomotiva a vapor. Um dos mais ilustres passageiros desse revolucionário meio de transporte foi Sigmund Freud, que, no final do mesmo século, escreveu sobre a histeria e se aventurou na interpretação dos sonhos. Poucos anos antes, “A Origem das Espécies”, publicada em 1859 por Charles Darwin, apresentou ao mundo a teoria da evolução. Na mesma década, Heinrich Göbel criou a primeira lâmpada incandescente – patenteada por Thomas Edison na década de 1880. Em 1854, Antonio Meucci criou o telefone. Em 1846, William Morton inventou a anestesia, tão cara para as ciências médicas até os dias de hoje. Quarenta anos mais tarde, William Hesketh Lever inventou outro bem precioso para a saúde humana, o sabonete. E, pouco antes desse profícuo século se encerrar, os irmãos Lumière presentearam o mundo com a fantástica invenção do projetor cinematográfico.
Em meio a essa grande efervescência criativa e antecipando as expressivas descobertas e avanços que estavam por vir, Augusto Comte concluiu que a ciência havia chegado ao seu estado perfeito, o estado positivo. Para o pensador francês, a ciência evoluía seguindo três estágios: o teológico, o metafísico e o positivo.
Comte defendia que, no estado teológico, o ser humano, ao estudar os fenômenos da natureza, os entende como tendo sido produzidos pela ação direta e contínua de agentes sobrenaturais, como os deuses e os demônios, por exemplo. Nesse estado, a arbitrária intervenção desses seres explicaria todas as transformações que ocorrem no universo. O estado metafísico, segundo Comte, seria apenas uma modificação geral do primeiro estado. Nele, os agentes sobrenaturais são substituídos por forças abstratas, como, por exemplo, as noções aristotélicas de causa primeira e de lugar natural. Essas forças abstratas seriam concebidas como verdadeiras entidades sobrenaturais capazes de agir sobre a natureza e produzir os fenômenos que tanto nos fascinam, como, por exemplo, o simples fato de que certos objetos caem quando soltos no ar.
Já no estado positivo, Comte acreditava que a ciência havia superado as primitivas concepções religiosas e filosóficas que caracterizam, respectivamente, os estados teológico e metafísico. Desse modo, a ciência renunciaria à busca pela origem e destino do universo, para se dedicar apenas à descoberta, pelo uso bem combinado do raciocínio e da observação, das leis efetivas dos fenômenos que regem a natureza – caso, por exemplo, das famosas leis de Newton, que descrevem o comportamento de corpos em movimento. Otimista em relação à evolução da ciência, Comte chegou a propor a criação de uma religião ateísta, com cerimônias e rituais próprios e contando até mesmo com um calendário de santos seculares, dentre os quais figuravam nomes como o de Homero, Adam Smith, Aristóteles, Descartes e Shakespeare.
Nesse século, a ciência dava origem a invenções que impulsionavam uma série de transformações na sociedade. Em 1804, por exemplo, Richard Trevithick inventou a locomotiva a vapor. Um dos mais ilustres passageiros desse revolucionário meio de transporte foi Sigmund Freud, que, no final do mesmo século, escreveu sobre a histeria e se aventurou na interpretação dos sonhos. Poucos anos antes, “A Origem das Espécies”, publicada em 1859 por Charles Darwin, apresentou ao mundo a teoria da evolução. Na mesma década, Heinrich Göbel criou a primeira lâmpada incandescente – patenteada por Thomas Edison na década de 1880. Em 1854, Antonio Meucci criou o telefone. Em 1846, William Morton inventou a anestesia, tão cara para as ciências médicas até os dias de hoje. Quarenta anos mais tarde, William Hesketh Lever inventou outro bem precioso para a saúde humana, o sabonete. E, pouco antes desse profícuo século se encerrar, os irmãos Lumière presentearam o mundo com a fantástica invenção do projetor cinematográfico.
Em meio a essa grande efervescência criativa e antecipando as expressivas descobertas e avanços que estavam por vir, Augusto Comte concluiu que a ciência havia chegado ao seu estado perfeito, o estado positivo. Para o pensador francês, a ciência evoluía seguindo três estágios: o teológico, o metafísico e o positivo.
Comte defendia que, no estado teológico, o ser humano, ao estudar os fenômenos da natureza, os entende como tendo sido produzidos pela ação direta e contínua de agentes sobrenaturais, como os deuses e os demônios, por exemplo. Nesse estado, a arbitrária intervenção desses seres explicaria todas as transformações que ocorrem no universo. O estado metafísico, segundo Comte, seria apenas uma modificação geral do primeiro estado. Nele, os agentes sobrenaturais são substituídos por forças abstratas, como, por exemplo, as noções aristotélicas de causa primeira e de lugar natural. Essas forças abstratas seriam concebidas como verdadeiras entidades sobrenaturais capazes de agir sobre a natureza e produzir os fenômenos que tanto nos fascinam, como, por exemplo, o simples fato de que certos objetos caem quando soltos no ar.
Já no estado positivo, Comte acreditava que a ciência havia superado as primitivas concepções religiosas e filosóficas que caracterizam, respectivamente, os estados teológico e metafísico. Desse modo, a ciência renunciaria à busca pela origem e destino do universo, para se dedicar apenas à descoberta, pelo uso bem combinado do raciocínio e da observação, das leis efetivas dos fenômenos que regem a natureza – caso, por exemplo, das famosas leis de Newton, que descrevem o comportamento de corpos em movimento. Otimista em relação à evolução da ciência, Comte chegou a propor a criação de uma religião ateísta, com cerimônias e rituais próprios e contando até mesmo com um calendário de santos seculares, dentre os quais figuravam nomes como o de Homero, Adam Smith, Aristóteles, Descartes e Shakespeare.
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