domingo, 16 de junho de 2013

Ciência e bola no pé

 

Pesquisadores de Campinas colocam matemática e tecnologia a serviço do futebol

Quem disse que ciência e esporte não combinam? O matemático Laércio Vendite e a bióloga Denise Vaz, pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas, sabem que os dois combinam sim, e muito bem. Eles lideram estudos que usam a matemática e a tecnologia para melhorar o desempenho dos jogadores de dois times paulistas, Ponte Preta e Mogi Mirim.
Usando dados estatísticos, o time do Ponte Preta monta um plano de estratégias a serem utilizadas em cada jogo (Foto: Guilherme Dorigatti)
Usando dados estatísticos, o time do Ponte Preta monta um plano de estratégias a serem utilizadas em cada jogo (Foto: Guilherme Dorigatti)

A pesquisa de Vendite começou em 1996, quando ele resolveu usar estatísticas para avaliar a atuação da equipe da Ponte Preta – na época, esses estudos eram mais voltados para outros esportes, como vôlei e basquete. O cientista começou, então, a tomar nota de dados sobre passes, cruzamentos e outras jogadas, incluindo o momento e a posição em que elas ocorriam. O objetivo era fazer cálculos matemáticos e estatísticos para descrever o desempenho dos atletas.
Segundo o pesquisador, depois de identificar os padrões de atuação da equipe, é possível aperfeiçoar a ação do time. “Depois de uma partida, nós, junto com a comissão técnica, fazemos um relatório onde se define todos os problemas da equipe durante o jogo. Os treinamentos seguintes são baseados nas tentativas de corrigir esses erros”, explica.
Tecnologia em campo
Se a matemática ajuda o desempenho da Ponte Preta, a tecnologia é aliada do Mogi Mirim. Denise lidera um estudo que usa aparelhos de GPS e um software especial para registrar a movimentação dos jogadores em campo, o que permite avaliar o time e sugerir mudanças estratégicas.
No time do Mogi Mirim, cada jogador carrega consigo um aparelho de GPS, que registra o quanto ele correu e se cansou em campo (Foto: Adaptado de Pano e Papel / Flickr / CC BY 2.0)
No time do Mogi Mirim, cada jogador carrega consigo um aparelho de GPS, que registra o quanto ele correu e se cansou em campo (Foto: Adaptado de Pano e Papel / Flickr / CC BY 2.0)

O aparelho é bem pequeno e fica dentro de um bolso, costurado no calção dos jogadores para não atrapalhar. “Com o GPS, podemos ter uma ideia da distância percorrida por cada jogador durante os jogos, levando em consideração a velocidade do deslocamento”, explica Denise. Ela avalia de maneira especial as ações de alta intensidade, como corridas em alta velocidade, que desgastam mais os jogadores.
Assim, é possível definir o descanso necessário para cada atleta. Por exemplo, ao saber que um jogador titular está mais cansado, o técnico precisa planejar sua recuperação de modo a preparar a equipe para os jogos futuros.
Agora, os torcedores de plantão devem estar se perguntando: os métodos funcionam mesmo? Bem, os dois times foram bem colocados no Campeonato Paulista, mas não foram campeões. Será que a ciência pode ajudá-los a alcançar o título no próximo ano?
Fernanda Távora, estagiária da CHC impressa e online
 

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