domingo, 19 de maio de 2013

Iguais, só que diferentes. Cientistas tentam explicar as variações de personalidade entre gêmeos idênticos

 

 
Não sei se você tem na família ou na turma da escola um par de gêmeos idênticos. É impressionante como, na aparência, eles podem ser iguaizinhos: mesmos olhos, mesmo nariz, mesma boca… Por outro lado, muitas vezes, um dos irmãos é mais tímido e o outro, mais extrovertido. Ou um é mais calmo e o outro, mais brigão. Curioso, não é? Pois um grupo de cientistas alemães está tentando descobrir por que isso acontece.
Meninas gêmeas no jardimA diferença de personalidade entre gêmeos idênticos pode ser explicada pela plasticidade cerebral, ou seja, pela capacidade de o cérebro se adaptar a novas funções (Foto: Hermo Sakk / Sxc.hu)
Gêmeos idênticos dividem o mesmo genoma, ou seja, o mesmo conjunto de informações presentes no DNA – molécula que fica dentro de nossas células e ajuda a determinar nossas características, como a cor do cabelo, a altura etc. Além disso, na maioria das vezes, são criados juntos, na mesma casa e pelos mesmos pais. Por que, então, eles se tornam tão diferentes?
Os cientistas decidiram testar isso em camundongos. No experimento, usaram 40 camundongos geneticamente idênticos e criados em ambientes iguais. Ainda assim, perceberam que cada um desenvolve características próprias. A explicação estaria na plasticidade cerebral, ou seja, na capacidade de o cérebro se adaptar a novas funções.
A imagem representa um corte do cérebro visto de cima. Em vermelho, está o hipocampo, onde novos neurônios se formam durante a fase adulta (Ilustração: Washington Irving / Wikimedia Commons)
A imagem representa um corte do cérebro visto de cima. Em vermelho, está o hipocampo, onde novos neurônios se formam durante a fase adulta (Ilustração: Washington Irving / Wikimedia Commons)

Mesmo em gêmeos idênticos, cada indivíduo tem um cérebro único. Segundo os especialistas, isso acontece porque o cérebro não nasce pronto – continua se formando ao longo da vida, de acordo com as experiências que cada um vive. A pesquisa monitorou o cérebro dos camundongos durante três meses e observou o surgimento de novos neurônios em uma região chamada hipocampo.
Todos os comportamentos dos camundongos foram gravados e analisados pelos pesquisadores. “Apesar de crescerem em um mesmo ambiente, as possibilidades de explorá-lo eram tantas que cada um teve experiências únicas”, conta o médico Gerd Kempermann. Os animais que exploraram mais o território, por exemplo, tinham mais neurônios ao fim do experimento.
Isso dá pistas sobre como, além de nosso material genético, nossos hábitos e experiências também ajudam a formar o cérebro. “Nossa descoberta trata do mistério e da controvérsia de como ambientes diferentes ou os modos como vivemos nossas vidas nos transformam em quem somos”, conclui Gerd.

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